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Entenda o Que Está Errado no Brasil

Você sente que há algo errado no Brasil, não sabe exatamente o que é, mas sabe que gira em torno da política, do social e do econômico? Você discorda da gritaria, fechamento de vias públicas e quebra-quebra como forma de se construir um país melhor? O problema é bem antigo e está enraizado.

Desde os tempos do colegial, atual ensino médio, notava que alguns professores faziam questão de expressar em sala de aula suas opiniões sobre quaisquer movimentos do Governo Federal em direção a uma maior abertura econômica. Lembro-me das palavras de uma professora de Geografia sobre a privatização da Vale do Rio Doce:

Venderam uma coisa que é nossa!

Na ocasião e por algum tempo fiquei triste com o suposto “entreguismo” de nossos governantes porque não conseguia entender o motivo dessa postura. Passados os anos, acumulei informação, amadureci intelectualmente e formei minha própria opinião: não é dever do Estado ser empresário e nem do professor ensinar ideologia em sala de aula. Entendi que a “coisa nossa” na verdade é “coisa deles”, de quem detém o poder e “faz o diabo” – parafraseando a presidente Dilma – para não perdê-lo.

Com os pilares da democracia representativa em frangalhos, descrédito das instituições, patrulhamento da imprensa independente, demonização da polícia, anomia, corrupção cada vez mais descarada e a presença de um Estado inchado que quer controlar a economia e cada aspecto de nossas vidas, acredito que estamos às portas da ascensão de um regime autoritário.

Compartilho com você em poucas linhas minhas opiniões sobre o que está errado no Brasil. O que escrevi é apenas uma fração dos problemas. Adianto que as causas não são tão fáceis de enxergar e não sei quais seriam as melhores alternativas ou se há alternativas de médio prazo dado o perfil do brasileiro, mas fica a dica do jornalista George Bernard Shaw para quem acha que é simples:

Para todo problema complexo, existe uma solução clara, simples e errada.

O Ensino de Ideologia Socialista em Sala de Aula

No caso da professora de “geografia vermelha”, destaco um problema que começa no ensino fundamental e vai até às faculdades: formação de militantes. Professores devem se ater ao ensino de suas disciplinas e não ficar disseminando as mentiras do modelo socialista de Marx que por onde passou causou miséria, fome, escravidão e atraso com regimes tirânicos.

O economista Rodrigo Constantino citou um texto em que Miguel Nagib responde à pergunta “é lícito ao professor tentar ‘fazer a cabeça’ dos alunos?”. Destaco a referência que o autor faz ao artigo 206 da Constituição Federal:

Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:

II – liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber;

Está claro que ao lado da liberdade de ensinar dos professores — a chamada liberdade de cátedra –, a Constituição Federal também garante a liberdade de aprender dos estudantes. Se o professor quiser militar, que o faça, mas fora da sala de aula e sem o chapéu de professor. Um aluno fortemente influenciado pelo pensamento canhoto tem grande potencial de no futuro engrossar as fileiras dos militantes das “causas vermelhas” ou da legião de assistidos pelo “Bolsa Esmola” do papai Estado. Os mais espertos largarão a escola para se enveredarem no meio político, pois no Brasil de hoje quem organiza piquete, bloqueia avenida e promove todo o tipo de baderna tem grandes chances de chegar a ser presidente!

Como “causas vermelhas” englobo também as causas dos ativistas melancia, que são verdes por fora e vermelhos por dentro. O caso mais recente foi o da invasão, destruição de propriedade e furto de animais no instituto Royal, que fazia pesquisas com animais em busca de tratamentos para o câncer. Os vândalos causaram um atraso de dez anos nas pesquisas e abandonaram vários dos animais à própria sorte sem provas dos supostos maus tratos dispensados aos cães. Mesmo se conseguissem provas, nunca se justificariam a depredação e o furto do patrimônio de terceiros. Qual é a alternativa às pesquisas com animais? Pesquisas com bebês? Fetos? Células tronco? Ativistas abnegados? Nosso organismo é muito complexo. Mesmo que em alguns casos seja possível fazer simulações computacionais, ainda é necessário estudar possíveis efeitos colaterais da aplicação de novos tratamentos em animais antes de testar em seres humanos.

Um caso um pouco mais antigo de sucesso do ativismo verde foi na usina hidrelétrica de Belo Monte. Hidrelétricas causam impacto ambiental. Foi tão grande a pressão desses grupos em prol do “Ornitorrinco Bandeira do Papo Amarelo” que a hidrelétrica funcionará a fio d’água e o restante da energia será fornecido por usinas térmicas, que poluem mais! Essas pessoas não vão descansar enquanto não voltarmos a viver como os bons selvagens idealizados por Rousseau. Ignoram ou veem com desdém todas as conquistas sociais e tecnológicas que tivemos em milênios de evolução, mas não deixam de usar celular e serem tratados com antibióticos.

A Estatização da Economia

O aparente sucesso econômico do Brasil nos últimos anos se deveu ao crescimento chinês somado ao baixo custo de capital nos países desenvolvidos. As reformas da era FHC, que criaram os pilares de uma macroeconomia mais sólida, também ajudaram.

Com a diminuição do ritmo de crescimento chinês, ficou evidente que o Brasil apenas foi com a maré. O BNDES emprestou rios de dinheiro a taxas subsidiadas para os “campeões nacionais”. O Banco Central foi negligente com a inflação, que furou o topo da meta e permaneceu elevada, apesar do fraco crescimento econômico. Os investidores começaram a temer as intervenções arbitrárias de um governo prepotente, e adiaram planos de investimento.

O modelo baseado no consumo era insustentável e já fracassou. O Brasil perdeu uma grande oportunidade de crescer. Foi na contra-mão dos países desenvolvidos preferindo tentar prever e controlar a economia e ficar fazendo malabarismos contábeis para nos fazer acreditar que tudo ia bem ao invés de aplicar medidas de austeridade para acabar com a farra com o dinheiro público.

O livro Privatize Já! do economista Rodrigo Constantino tem uma citação sarcástica de Milton Friedman:

Se o governo administrar o deserto do Saara, vai faltar areia em cinco anos.

O Estado não gera riqueza e não sabe administrar a que está disponível. Não há como implantar um sistema de meritocracia na administração pública premiando os melhores e punindo os piores. Sequer é função do estado dar Bolsa Empresário para os ungidos campeões nacionais, como o grupo OGX do falido empresário Eike Batista, estrela maior do capitalismo de Estado praticado desde o governo Lula. O Estado deveria atuar apenas para garantir a igualdade das empresas perante as leis.

No modelo laissez faire, extremo oposto às tendências que se observam no Brasil, os empresários do setor privado – como se existisse empresário fora da iniciativa privada – competem entre si em busca de lucro sem interferência do Estado. A busca do lucro e não a generosidade do produtor é que faz nascerem melhores produtos e serviços – essa é a “mão invisível” à qual se referia Adam Smith.

Quem não consegue se adaptar às dinâmicas do mercado vai à falência, ou melhor, é substituído por um concorrente mais adaptado. Essa consequência do capitalismo às luzes do liberalismo econômico parece cruel, mas se não fosse assim, ainda estaríamos utilizando máquinas de escrever e não computadores.

A privatização feita corretamente, não o jogo de cartas marcadas que se viu no pré-sal em Libra, é o caminho para nossa liberdade. No caso do petróleo, os EUA têm dezenas de empresas que extraem esse “recurso estratégico” do solo e sobrevivem no mercado porque tentam oferecer produtos cada vez melhores para os consumidores. Nós “temos” a Petrobrás, uma estatal de capital misto usada para manobras políticas que só dá prejuízos.

Interferência Entre os Poderes

Churchill tornou famosa a ideia de que a democracia é o pior modelo político, exceto todos os outros. Ele disse isso em um contexto de ascensão do comunismo e de regimes nazi-facistas. Montesquieu pensou em uma forma de moderar o Poder do Estado dividindo-o em funções e dando competências a seus diferentes órgãos evitando o arbítrio e a violência. Esse é um dos pilares da democracia, mas foi James Madison quem primeiro aplicou essas ideias ao contexto republicano.

Refletindo sobre o abuso do poder real, Montesquieu concluiu que “só o poder freia o poder”. Esse é o chamado “Sistema de Freios e Contrapesos”. Daí a necessidade de cada poder manter-se autônomo e constituído por pessoas e grupos diferentes: os poderes atuariam mutuamente como freios, cada um impedindo que o outro abusasse de seu poder.

Lembro-me de uma tirinha de jornal onde duas minhocas conversavam sobre política. Era mais ou menos assim:

– Qual o regime político do Brasil?

– Democracia.

– Democracia? Esse não é aquele modelo em que há igualdade perante as leis e separação de poderes?

– Não, esse é outro.

No Brasil, os poderes não são independentes. Vimos isso claramente no caso do mensalão. Vimos Juízes se comportando como braços do partido dominante e o Executivo indicando juízes que melhor “lhe representasse” para compor a casa.

Falta de Uma Agenda da Oposição

Estamos às portas do quarto mandato petista. Esse partido aparelhou a máquina estatal e domesticou a massa mais necessitada para se conservar no poder. É o poder pelo poder. Os políticos petistas só pensam na próxima eleição e não nas próximas gerações. Sobram demagogos e faltam estadistas.

Esses anos de governo petralha mostraram a nova tática do comunismo moderno. Até meados do século XX, o poder era tomado a tiro e sangue. Agora, basta utilizar desonestidade intelectual, retórica vazia, desqualificação de opositores, demagogia e monopolizar a verdade para se eleger por vias democráticas e destruir o sistema democrático por dentro. Para Maquiavel, os fins justificam os meios. Mas para qualificar o nível de honestidade de um governante, os meios justificam os fins. Em pouco tempo, o Brasil será a Argentina, a Argentina será a Venezuela e a Venezuela será Cuba, propriedade particular dos irmãos Castro.

A alternância entre aqueles que detêm o poder é fundamental em uma democracia representativa, mas o Brasil talvez seja o único país do mundo onde só há partidos de esquerda se alternando no poder. Sim, o PSDB é um partido de esquerda embora seja uma esquerda moderada. Não existe oposição. Não há um discurso ou uma pauta que seja uma alternativa ao PT.

As Ideias Coletivistas e o Estado Babá

Somos seres sociais, mas não socialistas. Socialismo é um sistema político e ideológico criado pelos homens, mas não é algo que exprima a natureza humana. Enquanto seres humanos, necessitamos viver em sociedade, mas enquanto indivíduos, necessitamos conservar nossa individualidade e nossa liberdade. Liberdade não significa exatamente fazer o que quiser. Estamos submetidos a um contrato social, que basicamente diz que o seu direito acaba onde começa o do outro.

O Socialismo nivela a sociedade por baixo, enquanto mantém quem governa e os amigos do rei por cima. Como disse Churchill:

A desvantagem do capitalismo é a desigual distribuição das riquezas; a vantagem do socialismo é a igual distribuição das misérias.

Como todos somos coitadinhos aos olhos do Estado, ele se acha com a nobre tarefa de prover saúde, educação e emprego e de interferir em cada aspecto de nossas vidas. Como o Estado é formado por pessoas abnegadas e ungidas, exaustas após a batalha em prol desse povo sofrido, é justo o SUS para nós e o Sírio Libanês para eles.

Os estados de bem-estar social enfrentam um paradoxo inevitável: o nível de produção necessário para sustentar um estado de bem-estar social não pode ser sustentado por um estado de bem-estar social. É justo que os mais ricos paguem a conta? Não! Margaret Tatcher já sabia que o socialismo dura até acabar o dinheiro dos outros. Nosso modelo é insustentável porque é baseado no consumo. Há pouco ou nenhum incentivo ao empreendedorismo e à livre concorrência, que gera melhores empregos e aumenta a renda familiar. Infelizmente, no Brasil é mais vantajoso ser funcionário público.

Os sistemas políticos pluralistas estão sustentados pelo elogio da dissonância: a crítica é benéfica para o governo porque descortina problemas que não seriam enxergados num regime monolítico. Os socialistas não concordam com esse princípio democrático: seu imperativo é rebater a crítica imediatamente mesmo sem raciocinar. Uma tática preferencial é acusar o crítico de estar a serviço de interesses de malévolos terceiros: um partido adversário, “a mídia”, “a burguesia”, os EUA ou tudo isso junto. É que, por sua própria natureza, o socialista não crê na hipótese de existência da opinião individual.

A Ditadura da Minoria

O Brasil vive um estranho momento de ascensão das minorias como forma de compensação por erros do passado. Chega a ponto de que se você não pertence a uma minoria, deve escolher ou inventar uma.

A grande falha é que não existem minorias fora do indivíduo, ou seja, você é uma minoria e eu sou outra. Esses grupos que se vendem como “minorias” são resultantes de uma forma de classificação de pessoas em torno de algumas características em comum, como cor, classe social, time de futebol, etc.

Se você pertence a uma minoria e se sente excluído, basta fazer acusações de racismo ou qualquer coisa que desqualifique sua minoria para ganhar respeito. Afinal, o que é uma ditadura senão o poder nas mãos de uma minoria?

Anomia

Vivemos um perigoso momento para nossa sociedade e para nossas instituições, O Brasil é o país do “jeitinho” e das leis elásticas. Um grande número de violações nas leis é relatado e até apurado, mas as devidas punições não são aplicadas. Para algumas pessoas, isso justifica fazer “justiça” com as próprias mãos. Essa é a anomia. Para o sociólogo Durkheim:

Anomia é estado de uma sociedade caracterizada pela desintegração das normas que regem a conduta dos homens e asseguram a ordem social

Uma característica dos movimentos de extrema esquerda, como o Fora do Eixo, é a tábula rasa. Eles esquecem que civilização é o conjunto de conhecimentos e costumes, transmitidos de geração para geração. É preciso escolher a civilização. E a barbárie estará sempre à espreita. Do ponto de vista individual vale o mesmo raciocínio. Não nascemos do nada. Carregamos uma história, e essa narrativa ajuda a nos definir como seres singulares.

Nas massas, os sentimentos são realçados e não a razão. Para essa gente, é bonito fechar ruas, destruir bancos e agredir policiais, mas ai do policial se atirar uma bala de borracha ou simplesmente querer impedir a passagem dos valentes. A imprensa marrom, paga com dinheiro público, quando não consegue inverter os papéis de vítima e agressor, atenua a gravidade dos fatos trocando os nomes que as coisas têm, como quando chamam “vândalos” e “terroristas” de “manifestantes” ou de “uma minoria infiltrada”. É justamente essa “minoria” que dá visibilidade ao protesto.

A maioria de nossos artistas é hipócrita. São a nata da esquerda caviar. Apoiam, justificam e incentivam a baderna, mas usufruem todas as vantagens do sistema capitalista e têm grande patrimônio. Caetano Veloso até foi fotografado com uma faixa preta dos black blocs.

Entre os grupos de protesto, também nota-se uma certa ignorância com relação ao funcionamento da economia, como no caso dos R$0,20 do Movimento Passe Livre. Adam Smith advertiu que não existe almoço grátis. Como falei antes, o Estado não gera riqueza. Ele obriga as pessoas a entregarem parte de suas rendas na forma de impostos. Essa diferença no valor da passagem de ônibus viria de outras fontes. Veja o aumento do IPTU da sua residência. O prefeito petista de São Paulo, Fernando Haddad, meteu a mão em nossos bolsos e de quebra se vingou de quem não votou nele, como indica esse mapa.

A anomia também é causada pela corrupção, profundamente enraizada, e pela impunidade. O PT não inventou a corrupção, mas a elevou a uma categoria de pensamento, como disse Reynaldo Azevedo. Um dos mais notórios filósofos dessa nova era do pensamento petralha é José Dirceu, de quem “roubo” uma frase para encerrar esse curto artigo:

Estou cada vez mais convencido de que sou inocente.